Piratas de Banheira

Com certeza você já ouviu falar em Piratas de Banheira. Se não, considere-se um alienado. Essa banda é considerada por muitos críticos como uma das mais talentosas de todos os tempos, principalmente por produzir arranjos complexos usando apenas um violão, uma latinha de Coca-Cola e vozes. Muito sabe-se dessa banda, mas poucos têm o conhecimento sobre sua história.

Como ninguém aqui provavelmente sabe, eu e uns amigos tínhamos um programa de rádio na Interativa FM, uma modesta rádio de Vassouras (RJ). Nosso blogueiro Peps Tavares chegou a participar de alguns. Tocávamos basicamente rock durante três horas nas noites de segunda e sexta-feira, e nesse programa existia um quadro chamado Banda de Garagem, o qual um banda era convidada para dar uma canja usando violões e vozes.

Vários artistas de garagem passaram por esse bloco. Geralmente de cidades próximas, eles vinham para lutar pelo seu espaço no cenário musical do interior. Mas nenhuma banda teve tanto impacto quanto os Piratas de Banheira.

[clique na imagem para ir ao Myspace dos Piratas de Banheira]

No dia do penúltimo programa, houve um imprevisto. Não tínhamos uma banda de garagem para exibir. Ficamos preocupados por cortar um quadro de tanto sucesso. Mas para nosso medo e posterior alívio, ouvimos uma gritaria nos corredores da rádio. Quatro caras adentraram o estúdio determinados a tocar algumas músicas.

Jonas, Malaquias, Ricardo e Wan Wan. Esses quatro caras, estranhíssimos por sinal, chegaram tomando conta do pedaço, e após uma conversa durante o intervalo comercial, concordamos em utiliza-los no Banda de Garagem.

Não fazíamos ideia do que esperar quando eles solicitaram três microfones. Não sabíamos o estilo deles, muito menos se as músicas se adequavam à programação da Interativa FM.

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Voltamos ao ar e eu apresentei a banda, um pouco confuso e desconfiado, confesso. Mas após a primeira nota minhas dúvidas sobre a qualidade do grupo desapareceram. Nunca havia ouvido algo tão magnífico ao vivo. A canção "Eu sou bruto" ecoou pela minha mente e me fez pensar coisas que eu nunca tinha imaginado.

Na sequência, "I noir nifomu pru Ciará", uma música com toques regionalistas, que conta uma surpreendente história de um retirante nordestino procurando maneiras dignas de trabalho no sofrido solo brasileiro.

"Rock do Zumbi" surgiu de um pedido feito por uma ouvinte no telefone. E logo após veio a psicodélica "Astronauta Esquizofrénico". Nunca viagem tanto com sons. Me senti pairando entre as galáxias.

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A repercussão foi surpreendente. As pessoas nas ruas nos perguntavam quem eram aqueles rapazes que tocavam como se tivessem a alma dos Beatles e a rebeldia dos Rolling Stones. Intrigas foram levantadas na cidade. Alguns diziam que eles eram seres do espaço que tinham achado a cápsula espacial e tocado o disco de ouro que continha Satisfaction, outros diziam que fora apenas uma brincadeira dos próprios locutores da rádio.

Muitos pedidos chegaram por e-mail, telefonemas, cartas, sinais de fumaça e funks horrendos. Todos queriam mais uma apresentação ao vivo dos Piratas de Banheira. E foi o que aconteceu. Nada melhor para encerrar uma série de programas de rádio como a banda de maior repercussão que já passara pelo "A Garagem" (nome do programa).

Eles voltaram para um bis. Tocaram duas músicas: Strudel de Metal e Máquina de Mistério. Mesmo que parecesse impossível, eles conseguiram se superar e criaram canções fantásticas, inacreditáveis!

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As músicas foram gravadas na rádio e disponibilizadas na internet atravez do Myspace da banda: http://myspace.com/piratasdebanheira

Vários críticos conceituados elogiaram a banda, que só contou com uma análise negativa, feita por Eduardo Carvalho, que afirmou que é uma banda de presepeiros. Após isso o crítico foi internado em um manicómio, o qual só passou a dispor de um computador com acesso à internet.

Quanto a banda, ninguém sabe o que aconteceu com eles. Nunca mais deram as caras, não fizeram nenhum show, não foram vistos em festas. O que para muitos, confirmou a teoria de que eles realmente são seres espaciais.